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domingo, 29 de março de 2015

Crise de água e o caos anunciado

Domingo, 29 de março de 2015


Por Carlos Duarte

No Dia Mundial da Água, em 2015, o mundo não tem o que comemorar. Sobram preocupações e previsões nada animadoras. No decorrer da semana a ONU divulgou que o planeta pode ter somente 60% da água que precisa em 2030.

Na verdade, esse novo relatório global sobre o desenvolvimento dos recursos hídricos ratifica o caos anunciado de uma crise de água, que já começou a produzir seus efeitos com consequências catastróficas para a humanidade.

Sob o ponto de vista da economia, a água é um pré-requisito importante e um recurso fundamental para o desenvolvimento sustentável, que está se tornando, cada vez, mais escasso. Por sua relevância de demanda e redução de oferta projetada, a água deverá se tornar um bem precioso e muito caro no futuro, dado a sua amplitude em toda cadeia produtiva e na vida cotidiana.


Por isso, a gestão de água deverá delinear novas metas de desenvolvimento sustentável que garantam a proteção dos recursos hídricos como um todo e não, apenas, o acesso à água potável e ao saneamento.

A água potável representa um consumo mundial ínfimo de 2 a 3 litros de água por dia, quando comparada, por exemplo, com a produção de alimentos que exige cerca de três mil litros per capita diariamente. À medida que a população for aumentando, a agricultura deverá produzir mais alimentos, enquanto a indústria e o setor de energia também deverão aumentar a demanda por água. Se nenhuma providência for tomada urgentemente, o suprimento global de água terá um déficit de 40% já em 2030.

O efeito exponencial deverá se agravar até 2050, quando a indústria poderá estar consumindo quatro vezes mais do que o consumo do ano 2000.

Esse cenário aponta que a economia global terá que mudar para formas econômicas que consumam recursos menos intensivamente. Para que isso aconteça é imprescindível que os gestores públicos se sensibilizem com o problema da distribuição hídrica, transferindo as decisões para a alçada de técnicos competentes, especialistas em água ou gestores de recursos hídricos comprometidos com o desenvolvimento sustentável numa articulação com diferentes setores, ministérios e instituições de governo.

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Água, “a água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo” (art. 6º); “A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social” (art. 9º).

Atualmente, estima-se que 20% da população mundial não tenha acesso à água limpa e, segundo a UNICEF, cerca de 1400 crianças menores que cinco anos de idade morrem todos os dias em decorrência da falta de água potável, saneamento básico e higiene. O caos já começou.

Carlos Duarte é economista, consultor ambiental e de Negócios. além de ex-editor e diretor do jornal Página Certa



Fonte: Carlos Santos

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